Você disse que eu podia te esperar. E
a boba aqui, ah, a super bobona, ia fazer isso desse jeitinho mesmo. Eu só não
sabia que seria tanto tempo assim, ou que você não viria pra mim, não do jeito
que eu queria, ainda mais com tanta gente querendo você, do mesmo modo que eu.
E você podia escolher ‘a’ que você quisesse, lembra? Mas óbvio, eu não era boa
o suficiente. Ou eu era mais do que você esperava, e teve medo de me
decepcionar?
Ei, não sou isso tudo não. Tenho
coração, e respiro pela boca de vez em quando. A voz rouca-fanha, um cabelo
assanhado, e umas quinze celulites em lugares indevidos. Acordo de mal humor, e
na TPM eu fico pior, acredite. E não, eu não sou uma nerd. Só tenho cara de
bobona mesmo.
E você me disse mesmo tantas vezes que
eu era uma bobona... Eu não devia ter esquecido disso, por isso que eu retiro o
que disse sobre todos esses meus defeitos. Talvez por causa deles mesmo que
você tenha escolhido aquela outra com a cara da Cléo Pires. O máximo perto que
eu chego dela é o temperamento da irmã ingênua, que a mãe dela faz em ‘Mulheres
de Areia’.
É, sou uma bobona que assiste remake
de novelas, por que não tem o que fazer. Ou tem, só que não se permite fazer
algo melhor, só procurar razões pra lembrar você. Eu sei, eu sei, você me pediu
algumas vezes pra voltar, e eu por pirraça, ou por medo, não dei ouvidos. Você
não devia me dizer “agora é tarde, eu te avisei”, é muito leviano da sua parte.
Leviano, realmente foi isso que você
foi, e é, inúmeras vezes. Me mandar mensagens, me iludir com recados, me
telefonar algumas vezes perguntando “como foi o teu dia?”, e eu caindo feito
uma pateta.
Faz um favor pra mim, tá? De uma vez
por todas: diz que me ama, volta pra mim, eu tô pedindo. Ela pode até ser a
cópia de uma atriz global, mas ela nunca vai saber tão bem de você quanto eu.