Páginas

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Abraço

Então lá vinha ele, como quem não quer nada, senta do meu lado, encosta a cabeça no meu ombro. E já se sabe, fico com cara de boba... Será que ele notou? Pergunto-me o que seria bom: ele notar ou não notar, até porque faz muito tempo que eu venho escondendo que essa amizade mudou pra paixão. E todo mundo tem notado. Inclusive a Debby, ela é minha melhor amiga, eu sei, mas eu não quis contar pra ela. Com todas essas mudanças na minha vida, eu sempre digo, é muita informação pra minha cabeça ainda ter que suportar eu ser uma adolescente apaixonada.

Aí ele cheira meu ombro, tenho um breve arrepio, mas escondo, com medo de que ele note minhas bochechas rosadas. Isso se elas não já estiverem roxas... Levanta a cabeça, ri alto, olha pra mim e diz:
- Por que tu não falas nada, nem um oi pra mim, ‘tô’ tentando ser carinhoso, como mamãe me diz pra ser, mas assim parece que vai ser difícil. Principalmente quando a reciprocidade não vem.
Eu olho, sorrio baixo, respondo:
- Não sabia que estavas tão carente assim... (sarcasticamente!) Bom conselho o da tua mãe, eu pensava mesmo que tu eras frio, sem coração. Estranhei toda essa carência, por isso não reagi! Ôh vem cá, vem... Meu amigo carentinho! Vou fazer um cafuné...
Abraço ele, ele me abraça. Mais forte do que deveria, e eu desmonto. Será que ele percebeu? Será que ele faz de propósito? O que será que ele pensa? O que está pensando agora?
- Lani, teu abraço é bom... – e me aperta mais.
- Desse jeito tu vais me partir ao meio, isso sim!
- Pelo contrário, tu que me parte...
E Debby chega, me olha com aquela cara de “ahá, eu sabia que aí tinha”, eu fico desajeitada, solto ele, sorriso sem graça, o sinal toca...