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sexta-feira, 9 de março de 2012

O beijo

Kiss Me (LP Version) by Sixpence None the Richer on Grooveshark


Eu estava tão bem e confortada. Meus olhos podiam ver tão bem aquilo tudo. E eu afagava seus cabelos, como eu sempre quis e nunca tive coragem de fazê-lo. Parecia que você gostava, e então eu continuei com minha mão ali, no couro cabeludo que eu sempre quis tocar.
Se o meu coração falasse, acho que neste exato momento ele estaria gritando, no êxtase que era aquela emoção, nesse momento que eu não irei nunca esquecer, e que eu queria que durasse pra sempre. Aquele barulho, o tal ‘turu-turu’, estava presente ali, de novo — na verdade ele nunca me deixa quando estou perto de você, e talvez você já saiba disso, ou pelo menos já devia saber.
A carícia parecia tão boa pra você que seus olhos se fecharam, naquele rosto lindo de anjo, e um sorriso — tão verdadeiro e lindo — se formou em sua face. Eu continuava a não acreditar.
Mas era tão real.
O meu coração continuava a bater forte, feliz por ter você perto, tão perto que eu podia ouvir sua respiração, e respirar também, já que o meu estava tão perto: você. Ou não respirar... Me faltava o oxigênio por você estar aqui.
Era como se borboletas voassem no meu estômago. ‘Você me faz tão bem’ — não sei se eu sussurrei isso ou se só pensei que ia dizer.
E eu só sei que você me faz tão bem! É como se aquele fosse o meu lugar para sempre, o lugar que eu fui feita pra estar.
Talvez meu colo seja quente. Você parecia estar bem confortável ali, e eu espero que tenha se sentido feliz naquele momento como eu me senti. Seria demais pra eu saber que você estava ali apenas pra me agradar.
Tudo que eu conseguia ver era o seu rosto, e eu pude me lembrar daquela música ‘Magic’*, era exatamente assim que eu me sentia. Eu queria o seu toque também, como mágica pra mim. Mas eu realmente não imaginava que você podia ler meus pensamentos. Eu já havia ouvido, quando um amigo seu disse, que nós tínhamos sintonia, mas não esperava que fosse assim.
Como em resposta ao meu carinho, um ‘pagamento’, muito mais alto e caro, pelo que eu fiz, na verdade algo que eu certamente não merecia, então você me beijou, tocou os seus lábios nos meus da forma mais linda e inesperada. Eu não havia percebido que você tinha levantado do meu colo, foi tão rápido que meus sentidos não alcançaram a ação a tempo.
Eu só pude sentir o toque da tua boca na minha, o hálito perfeito, o som de sinos a tocar na minha mente e do meu coração acelerando ainda mais, como a eterna apaixonada por você, eu não ia conseguir mantê-lo no meu peito por muito tempo, ele ia explodir. Era o gosto mais perfeito, meu paladar pôde provar algo melhor, muito melhor que chocolate... Será que haveria outra vez? (Ou haverá?) Você sentiu o mesmo que eu? Será?
Meu beijo apaixonado, no meu melhor amigo, o que mais poderia eu querer? Por acaso eu merecia tanto?
Eu tenho certeza que poderia haver qualquer coisa ao meu redor e eu não perceberia. Eu estava tão concentrada. Ou melhor, não haveria outra coisa par se concentrar, se aquele momento era o mais lindo da minha vida.
Infelizmente um beijo não dura para sempre, e aquele, tão nosso, tão seu, e mim, como algo que eu também não esperava, acabou. Meus olhos ainda fechados e a minha boca ainda aberta esperavam mais, apaixonadamente. Fiquei assim por um momento, e, no meu retardamento mental, mordi o lábio inferior, percebendo que eu não teria mais, pelo menos não naquele momento. Certamente ele estaria ali me olhando, e eu ali, de boca aberta. Eu corei, sabendo que estava parecendo boba por isso.
Resolvi abrir os olhos, mas tremi ao pensar que veria uns olhos de reprovação, o que também poderia não acontecer — quem sabe ele também não estava de olhos fechados? — ou ele riria de mim, o que podia não ser tão ruim, se ele tivesse gostado do nosso beijo também...
Mas uma hora eu teria de abrir os olhos, e eu resolvi não protelar essa situação. E, ainda mordendo o lábio, eu acordei.


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*Magic – Colbie Caillat 

Nota da escritora: Este conto foi criado a partir de um sonho que eu tive. É antigo, e teve algumas reformulações para ‘caber’ no blog. Afinal, as coisas mudam e a forma de escrever acaba mudando com o tempo também, amadurecendo junto com o autor.