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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sobre cultura e violência

Não só acho como julgo um tremendo de um sexismo nós, mulheres, não podermos sair na rua sozinha, ou com bolsa, ou à noite, ou de qualquer forma, por conta de ladrões que se valem das nossas ditas “fraquezas” para se dar bem às nossas custas. Quer dizer que tenho que me privar da minha liberdade de ir e vir, de andar como eu bem entender por causa de gente que nem trabalha sol a sol?
Acho machismo o fato de eu não poder me vestir da maneira como eu quiser só por que vão me julgar de vagabunda, ou sem-vergonha, ou qualquer coisa do tipo e até “santinha” demais. Algumas pessoas tem que aprender a respeitar o estilo dos outros. Às vezes ele pode parecer sexy demais, ou ridículo até, mas não é motivo pra desejar a mulher e obrigá-la a fazer tudo o que você quer. A mulher vai dizer pra você se ela quer ou não. (OBS.: caso ela esteja com você dentro do carro, em frente ao motel e decida que não quer mais, não dê showzinho, e não force a barra. Violência sexual é crime! Mas você pode deixar ela ir andando pra casa, pra ela aprender a não induzir e depois ficar de c* doce. OBS2.: sim, eu acho bem pregado quando a mulher provocou. Agora só por que a garota usa roupa curta, não quer dizer que ela esteja te oferecendo serviços extras, ok?)
Agora o que eu acho ridículo mesmo é a nova onda de se “preparar” para um estrupo colocando camisinha na bolsa. Pelo amor, né? E eu vou ficar pensando em desgraça e trazendo mal agouro pra minha vida? Mulher tem que ter camisinha na bolsa por motivos de: 1) sou independente, se eu quiser transar hoje, eu vou! 2) sou moderna, posso transar com quem eu bem entender, na hora que eu quiser. 3) qualquer outra alternativa parecida, que esteja dentro do querer da mulher.
E também acho patético dizer que é feminismo demais nesses pensamentos, falar que a mulher é o sexo frágil, tentar colocar na nossa cabeça que anos de repressão sexual é balela, que escravidão sexual no exterior é mito, que se as mulheres querem tanta igualdade de gênero, elas que ajudem a pagar a conta. Mulher já sofre demais ao parir, ao nascer mulher, quando cresce, quando envelhece, quando é bonita ou feia demais, quando é muito alta, por que “não” trabalha, por que trabalha e cuida da casa, por que trabalha e estuda e cuida da casa, por que trabalha e estuda e cuida da casa e cuida dos filhos.
Mulher é gente. Jesus nasceu de uma mulher, a primeira pessoa a andar em um automóvel foi uma mulher, quem inspira belíssimas canções é a mulher. Por essas e por outras não concordo em ter “dia do homem”. Hoje em dia tem dia pra tudo, menos pra valorizar, de verdade, o valor que o ser humano tem. A propósito, falando em ser humano, e voltando ao assunto inicial sobre a violência, de qualquer tipo que seja, eu também acho um absurdo os “métodos para não ser assaltado/violado/violentado”.
Não é a mulher que tem que deixar de andar na rua, que tem que se privar de usar bolsa, que tem que deixar o celular em casa. São as pessoas que tem que se conscientizar que violência não é normal, e que é necessário (muito) mais segurança: policiais nas ruas, com salários melhores e dignos para a profissão; professores bem pagos, satisfeitos, felizes, e que ensinem o melhor para seus alunos com a ajuda de todo o ambiente escolar e da família; famílias bem estruturadas, pais mais preparados para colocar filhos no mundo e não só deixá-los aí, mas para educar, cuidar e amar.